•• ar[t]ch urb III ••

Adebisi Fabunmi

Maria Luiza de Barros
3 min readJul 5, 2021

Retomando a série ar[t]ch urb e a viagem de hoje é para Benin e Nigéria para falar da cidade na obra do artista Adebisi Fabunmi.

Adebisi Fabunmi, mais conhecido como FAB, é um artista e ator Ganense nascido em Sekondi-Takoradi no ano de 1945. Em 1964 participou do seminário de Arte Moderna Nigeriana (Oṣogbo Art Movement, 1964) e assim deu abertura à sua carreira como artista plástico. Desde então, Adebisi Fabunmi acabou tornando-se conhecido principalmente por suas xilogravuras e pintura sobre lã. O seu trabalho articula diferentes meios e estilos, entre os mais inovadores está a pintura em lã, técnica inspirada no trabalho de índios Huicholes do México. Fabunmi foi se desenvolvendo nesta técnica e adicionando progressivamente o uso de cores cada vez mais fortes e luminosas, além de concentrar-se no tema de suas pesquisas: a vida e as cidades Iorubas.

Dos trabalhos amplamente reconhecidos, os principais são as xilogravuras retratando a cidade, cuja a composição das obras é dividida e subdividida para preencher qualquer espaço vazio com padrões diferentes e, portanto, nota-se uma influência do próprio desenho urbano local e também da maneira pela qual as esculturas iorubanas geralmente apresentam um envolvimento com o espaço onde estão inseridas. As cidades de origem de sua família, Okemisi e Imesi-Ile, são a inspiração para muitas das imagens de sua cidade.

Dessa maneira, suas impressões nessa técnica são como quebra-cabeças à medida que cada elemento de design em preto e branco se acumula em um labirinto de casas, janelas, rios, animais, relógios e caminhões, construindo obras que passam pela composição urbanística fundamentada na cosmopercepção Ioruba do território. Uma capacidade de justapor muitos elementos — alguns contraditórios entre si - mas coesos num todo.

“City in the Moon”, Adebisi Fabunmi, Nigeria, 1960’s; National Museum of African Art collection

Na obra intitulada “City in the Moon”, Fabunmi se baseia em seus sonhos de uma cidade povoada na lua como um símbolo de sua crença de que os humanos acabariam encontrando um novo lar no universo longe da Terra. Este trabalho publicado na década de 1960 retrata o cosmos como nosso novo [e possível] lar. Não há dúvida de que essa noção é fundamental para pensarmos e planejarmos as cidades nos dias atuais, como resultado de rupturas com os padrões urbanos brancocêntricos e reconciliações com epistemologias fundamentais que dialogam com a vida extraterrena, ou, para além do visível.

Afinal, qual será ainda a capacidade da Terra em sustentar nossas vidas falidas?

“Benin City”, 1970. Representação monocromática do Benin.
“The village square”. Lã e tecido/ Pintura.
“The Birth of Oshogbo”. Lã e tecido/ Pintura.

(Nota escrita em novembro de 2020)

Referências

Oṣogbo Art Movement: An Introduction to Modern Nigerian Art.

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